(Sermão pregado na manhã de domingo do dia 02 de agosto de 2020 na Igreja Cristã Presbiteriana Missionária de Ribeirão Pires/SP) 


João 6.1-11 


Chegamos ao capítulo 6 de João e algo que estamos aprendendo ao longo desses domingos é o empenho do apóstolo em promover a glória de Cristo e em exaltá-lo como Filho de Deus. Ele faz isso através dos relatos dos milagres, das curas, dos sinais extraordinários que fogem a compreensão humana, mas que também trazem alívio, esperança e novo sentido para a vida. É como se a todo instante João estivesse interrogando seus leitores: Quem é esse que tem poder para transformar água em vinho? Quem é esse que pode fazer alguém nascer de novo e ter nova vida guiado pelo Espírito de Deus? Quem é esse que tem água viva, da qual aqueles que bebem nunca mais terão sede? Quem é esse capaz de curar qualquer enfermidade, ressuscitar mortos e restaurar a alegria de um paralítico que já estava naquela situação há 38 anos? Quem é esse? Quem tem esse poder? Este é o Filho de Deus, Jesus Cristo! 


Mas, algo que percebemos conforme acompanhamos o que Jesus está fazendo é que, não só as multidões não compreendiam muito bem o significado das obras de Cristo, como também seus discípulos em algumas ocasiões demonstram não entender bem o que Jesus está fazendo e por isso eles agem de forma que não lhes convém. Por exemplo, quando Jesus se encontra com a mulher Samaritana, seus discípulos ficam admirados por verem o Mestre falando com uma mulher daquele lugar com quem eles não tinham proximidade. Mateus também relata que, em certo momento, Jesus estava ensinando e algumas crianças foram repreendidas pelos discípulos para que elas não se aproximassem. Lucas também nos fala sobre o momento quando eles encontraram um homem que expulsava demônios em nome de Jesus e, então, eles tentam impedi-lo, mas, Jesus disse: "Não o proibais!". 


Isso significa que não é só o coração da multidão e dos fariseus que está a prova, mas também os corações dos discípulos de Cristo estão sendo provados. E com a gente não é diferente. Nossos corações estão sendo provados diante das aflições desse mundo e também nos momentos de festa e de alegria. Estamos sendo provados diante de um mundo que está sempre em oposição a vontade de Deus. Estamos sendo provados quando nossas opiniões refletem a forma como enxergamos o mundo, a política, a família, etc. E, a nossa resposta diante desses testes vai estar sempre em consonância com a fonte de onde temos alimentado a nossa fé. C.S.Lewis disse: "Alimente sua fé até que seus medos morram de fome". Quando o medo, a insegurança, a dúvida com relação ao Filho de Deus invadem o coração, é hora de nos alimentarmos dEle. O capítulo 6 de João apresenta dois grupos que estão sendo testados: a multidão e os discípulos. Ele apresenta também a providência divina como resposta a incredulidade dos corações desses dois grupos. 

 
1) O teste da multidão (1-3) 

João diz que, em determinado momento, Jesus decidiu se retirar com seus discípulos para um lugar afastado. Os outros evangelhos colocam esse movimento de Jesus logo após o acontecimento da morte de João Batista. Por isso, a tensão em Jerusalém estava grande. Cristo resolve então afastar-se daquele lugar atravessando o mar da Galileia. Ao chegar do outro lado, porém, a multidão já estava a espera de Jesus. Marcos relata que pessoas de muitas cidades correram para lá e chegaram antes dele, de modo que, quando Cristo desembarca, vê uma grande multidão. Marcos ainda diz que Jesus olhando para a multidão se compadece dela porque eram como ovelhas que não têm pastor. Jesus teve compaixão daquela multidão. 
 
Jesus comoveu-se pela luta daquelas pessoas contra o pecado, pelas suas enfermidades, pelas suas dificuldades diárias e pela escuridão espiritual em que estavam. Mas, acima de tudo, Cristo se compadeceu da multidão por que entre eles estavam aqueles que ainda seriam recolhidos em seu aprisco. Se Cristo se compadeceu com aquela multidão, não devíamos nós também nos compadecermos da multidão dos nossos dias? Se Cristo se compadeceu deles a ponto de dedicar aquele dia para ensinar, curar e trazer alívio para aquelas almas, não devíamos nós nos compadecermos também a ponto de dedicarmos o tempo que o próprio Deus nos deu para esse trabalho? Paulo escreve aos Filipenses 2.5, dizendo: "Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus". 


Quando olhamos a nossa volta, percebemos toda a escuridão social, cultural, política, na educação dos nossos filhos... Escuridão causada pelo pecado que corrompeu todos os homens. Mas Jesus, no capítulo 5 de Mateus, nos convoca para essa missão, dizendo: "Vós sois a luz do mundo... e não se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina a todos os que se encontram na casa". O professor e pastor reformado Hermam Hanko diz que “devemos ter um desejo profundo de ver homens e mulheres retirados de sua escuridão espiritual para um conhecimento de Cristo. Devemos ser movidos com compaixão pelos outros quais sejam suas necessidades, mas principalmente pela alma eterna deles”.  


Mas, aquela multidão está sendo testada. E isso fica claro com a repreensão que Cristo faz a eles nos versículos 26 e 27: "Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque vos fartastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará". Ou seja, a grande multidão foi ao encontro de Jesus não por reconhecer seus sinais como próprios do Filho de Deus, mas para a solução dos seus problemas. Eles buscavam as bençãos de Deus e não o Deus das bençãos. Buscavam os milagres do Reino, e não o Reino dos milagres.

 

Em nossos dias, a multidão continua sendo testada. Seus corações e intenções continuam sendo reveladas. Quantos são aqueles que enxergam no Evangelho uma forma de solucionar os seus problemas financeiros e de relacionamento? As dificuldades dessa vida ou o seu endividamento? A multidão continua sendo testada e a resposta que ela dá revela sempre onde tem alimentado a sua fé. 
 

2) O teste dos discípulos (5-9) 

Mas, chegou o momento de outro grupo ser testado. Agora, é a vez dos discípulos mais chegados de Cristo. Aqueles homens escolhidos pelo Mestre e que acompanharam sempre de perto tudo o que Jesus podia fazer e que presenciaram todos os milagres. Não havia motivos para duvidar. Não havia motivos para não acreditar que o Filho de Deus poderia agir novamente. No entanto, Marcos, no capítulo 6 nos dá uma dura constatação. Ele diz que os discípulos não compreenderam o milagre; antes, seus corações estavam endurecidos. 
Conforme a tarde foi chegando, Jesus vendo aquela multidão pergunta a Filipe: "Onde compraremos pães para lhes dar a comer? Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer" (Jo 6.5,6). 


A adversidade e o deserto da vida são, muitas vezes, a escola para nosso crescimento na fé. Jesus nos conduz nesse aprendizado pela adversidade, de forma didática, como o Mestre por excelência, a fim de despertar as mentes adormecidas dos seus discípulos e desvendar os seus olhos para que não duvidem do seu poder, mas que creiam que Ele é o Filho de Deus, o Deus da providência, ainda que no deserto. Por isso, Cristo aparece fazendo perguntas para as pessoas, mesmo já sabendo o que aconteceria. Recordamos, por exemplo, da festa de casamento, quando Ele pergunta para Maria, sua mãe: "Mulher, que tenho eu contigo?". Para Nicodemos, Jesus pergunta: "Você é mestre em Israel e não sabes dessas coisas que estou dizendo?". Para o paralítico do tanque de Betesda: "Você quer ser curado?". Agora, para seus discípulos Jesus está lançando esse teste: "Onde compraremos pães para lhes dar a comer?". Com isso, Jesus nos convida a olharmos para Ele, de forma sobrenatural, crendo que aquilo que é impossível aos nossos olhos, é possível para Ele por que Ele é Deus. 


Mas, qual foi a resposta dos discípulos (v.7-9)? Imagino algo do tipo: "Bom, Senhor, pelos meus cálculos vai ser preciso muito dinheiro pra comprar pão pra toda essa gente. Duzentos denários de pão ainda será pouco". Marcos ainda diz que os discípulos recomendaram a Jesus para que despedisse a multidão para que fossem e comprassem o próprio sustento. Era o mais prático a fazer e o mais cômodo a fazer. André, talvez tentando aliviar a posição dos discípulos, ainda reforça (v.9): "Nós até encontramos aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?". Ou seja, "Senhor, nós até tentamos e fizemos uma busca entre as pessoas, mas só encontramos aqui esse rapaz. Então, o Senhor mesmo pode constatar que não tem mesmo jeito". 


E, nesse momento, chega a hora de Jesus tratar também com seus discípulos. Jesus sabe que a incredulidade e a dureza do coração deles faz parte da estrutura humana afetada pelo pecado. Então, Ele não trata de forma arbitrária seus discípulos. O Pastor vai ensinar mais uma vez a confiarem e a olharem para Ele, a descansarem na Sua provisão em meio ao deserto. O escritor aos Hebreus escreve "que devemos nos desembaraçar de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, e correr com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Jesus, o Autor e Consumador da fé". E, quando nossos olhos se voltam para Ele, podemos contemplar o milagre acontecendo em nossos dias e a providência divina. 
 

3) A providência divina (v.10-11) 

João diz que Jesus fez então com que se assentasse aquela multidão de cerca de 5 mil homens, fora mulheres e crianças e manda trazerem o garoto diante dEle com os cinco pães de cevada e os dois peixinhos. É através desse recurso limitado que Jesus vai mais uma vez manifestar diante deles o seu grande poder e a sua glória. Jesus tomou aqueles pães e peixes e, tendo dado graças, distribuiu entre eles até que todos se fartaram. 


Podemos aprender três lições práticas: 


1ª) O que você tem nas suas mãos? - Muitas vezes, Deus nos coloca nas mãos recursos pelos quais Ele deseja agir para abençoar as pessoas. É triste perceber que muitos acabam em alguns casos desprezando esses recursos, dons e habilidades, achando que são pequenos demais, pouco demais ou que não tem o proveito necessário. Esses se esquecem de olhar para Aquele que é capaz de fazer do nada todas as coisas. Lembremo-nos de que Moisés compareceu diante do Faraó com um cajado. O jovem Davi enfrentou o gigante filisteu com uma funda. Esse rapaz colocou diante do Senhor o pouco que tinha, e todos eles viram o milagre acontecer.

 

2ª) Diante da incredulidade, desconfiança ou dúvida, você tem o recurso da oração - Jesus orou ao Pai, e é interessante observar essa atitude de Cristo. O texto diz que Ele já sabia o que iria fazer, então, porque Jesus orou? Jesus deu graças ao Pai para nos ensinar que a resposta para as nossas dificuldades não está em nós mesmos, nem nos recursos que temos recebido por sua graça, às vezes, nem mesmo naquilo que já está bem diante dos nossos olhos, mas no próprio Deus. 


Muitos estão na condição dos discípulos de Cristo. São crentes, ninguém duvida disso. Mantém um compromisso com a igreja e com o Evangelho da graça. Até creem que Deus pode agir, mas, em certas ocasiões, a situação parece tão complicada e impossível que pensamos: "tudo bem Jesus se não conseguir resolver; a gente entende; a multidão é realmente muito grande". Quando a vida está indo por esse caminho e percebemos que algo em nossa confiança em Deus saiu dos trilhos, que os problemas parecem muito maiores e a dificuldade parece consumir a alma, Jesus nos ensina a buscar a Deus em oração. Veja bem isso, Ele já sabe o desfecho da situação, mas nos convida ir ao Pai em oração. É claro que Deus pode intervir por meio da oração dos crentes e, em muitas situações, esse é o meio pelo qual Deus age nos nossos dias. Mas, a principal mudança realizada pela oração ocorre no coração daquele que ora. 
 
3ª) Sinais sempre apontam para coisas maiores - Os milagres que Jesus realiza nunca têm um fim em si mesmos. Ele não é do tipo que faz show de milagres e de libertação. Sempre quando Cristo está operando Ele está transmitindo algo maior a respeito da sua pessoa, da sua glória e da sua divindade. Era esse o ponto que a multidão não percebia. O versículo 15 diz que, quando a multidão está saciada, ela propõe então proclamar Jesus como rei da nação. De fato, isso era bastante conveniente. Imagine um rei como esse? Não existiriam mais os problemas sociais. Mas Jesus se retira do meio deles. 


Pouco tempo depois, Jesus se encontra novamente com aquela multidão e eles querem mais milagres. Esse é o problema da multidão: ela é insaciável por milagres e precisa alimentar a sua fé nos sinais. Porém, nesse novo encontro, Jesus vai pronunciar o seu mais duro discurso. Aquele que fez com que muitos deixassem de segui-lo. Jesus vai repreendê-los dizendo que há algo muito maior e mais necessário do que o pão com o qual eles se fartaram. Há algo maior além dos sinais que eles não estavam vendo, pois aquele que vive atrás de sinais sempre terá fome dessas coisas. Por outro lado, aquele que saciar a sua necessidade especialmente nEle, nunca mais terá fome. "Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao mundo. Então, lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão. Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede" (João 6:33-35).  
 
C.S.Lewis disse: "Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta Terra pode satisfazer; a única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo". Se sua vida está também nessa condição e você tem um anseio por algo maior e que faça sentido, Cristo te convida a vir e alimentar-se espiritualmente dEle. Ele mesmo diz: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente" (João 6:51). 


Um dos assuntos mais debatidos nos últimos dias está sendo sobre o impacto que as chamadas fake news podem causar na tomada de decisão das pessoas. Ou seja, se baseamos nossas escolhas no conjunto de informações que recebemos, quão grave pode ser quando essas decisões nascem se apoiando nas falsas notícias divulgadas pela mídia e redes sociais ou na distorção daquilo que é a realidade dos fatos. Por isso, todo cuidado é pouco!

Se as fake news são um grave problema (e sobre isso todos concordamos), o que dizer então quando a maior notícia de todos os tempos também é afrontada? Isso mesmo! Se nos importamos (e com razão) quando um amontoado de "notícias" enganosas tentam lubridiar a nossa confiança em assuntos dessa vida, quanto mais deveria ser o nosso interesse pela veracidade daquilo que é eterno?

O apóstolo Paulo tinha em mente o prejuízo que essas mentiras podiam causar aos crentes. Por isso, em suas cartas, ele se dedica em grande parte a alertar as igrejas contra os perturbadores da fé que espalhavam um evangelho enganoso entre os convertidos. Aos irmãos da Galácia ele escreve com espanto: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo" (Gl 1.6,7). Contra os que disseminavam a falsa mensagem, ele foi além ao orientar que "ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema" (Gl 1.8).

Uma coisa é certa! Enquanto a igreja de Cristo permanecer na Terra ela sempre enfrentará os inimigos ferrenhos da sua pregação. Homens impiedosos não pouparão o rebanho de Cristo e infiltrarão suas filosofias e palavras vãs que serão um agrado para os que andam segundo esse mundo. Esse foi o alerta do apóstolo aos crentes de Colossos: "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo" (Cl 2.8), e também aos de Éfeso, "Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto, não sejais seus companheiros" (Ef 5.6,7). Ele fala também daqueles que absorvem qualquer coisa sem o cuidado de confirmar a verdade do que é dito: "virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2Tm 4.3,4).

Qual então será o método para combater a disseminação do falso evangelho? Será possível conduzir tais afrontas aos tribunais humanos? Bom, Paulo apresenta um caminho mais prático e próximo do seu público - "Pregue a Palavra!" - ele diz. O apóstolo está certo de que a pregação da mensagem bíblica em sua essência, o ensino das Escrituras e o discipulado contínuo dos fieis é capaz de equipar os crentes com as verdades eternas do Evangelho: "Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina" (2Tm 4.2).

Falsas notícias continuarão a enganar os desatentos e despreocupados com a qualidade da informação. No círculo evangélico não é diferente. Falsos mestres com suas falácias envolventes conduzirão a muitos para longe da mensagem da cruz. Como igreja de Cristo, porém, somos chamados ao compromisso de proclamar as verdades das boas-novas da salvação.


Durante este período de quarentena imposta pela pandemia do coronavírus, tenho aproveitado, junto com minha esposa, para assistir alguns lançamentos ou rever filmes que já estrearam há algum tempo, isso quando nosso bebê permite, claro. Meus temas prediletos - contrariando os da Nathy - são os de ação, principalmente os de heróis. Quem me conhece melhor, sabe desse meu gosto por bons desenhos animados, HQ's e afins.
  
Recentemente, assisti Batman vs Superman, A Origem da Justiça. Além de toda correria, explosões e prédios desabando (típico desses filmes), o que me chamou atenção foi a cena em que o Batman tem um encontro nada cordial com o Superman, até então seu desafeto. Obviamente, o homem de aço tratou de demonstrar logo o porque recebe esse apelido de respeito. Porém, uma pergunta feita pelo homem morcego foi o que me fez refletir: "Você sangra?" - questionou Bruce Wayne, que no desenrolar da história buscou provar que o viajante de Krypton também tem o seu ponto fraco e sangra como um mortal.

Diferente da ficção, as Escrituras relatam a história de Jesus Cristo, o Filho de Deus, nesse mundo. Ele não era um alienígena, vindo de outro planeta, como no caso do herói dos cinemas, mas é o Criador de todo o cosmos. O apóstolo João escreve sobre ele dizendo: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.1-3; 14).

A divindade de Cristo está presente em cada página do Novo Testamento, nos relatos dos evangelistas, no impulso para a igreja primitiva, na motivação das cartas pastorais, na visão e na mensagem do Apocalipse. Podemos dizer ainda mais: que todos os registros que temos ao nosso alcance são apenas faíscas do resplendor da sua essência. Como João diz ao final do seu evangelho: "Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos" (João 21.25).

A realidade da história de Jesus, o Nazareno, se difere também dos nossos roteiros de ação que normalmente retratam a "jornada do heroi". Não! Cristo não foi uma unanimidade aclamada pelas multidões. Ao contrário disso, por trazer luz e desvendar nos seres humanos toda a maldade existente em seus corações, atraiu a inveja e a ira de muitos, principalmente dos escribas e fariseus, que representavam a religião da sua época. No lugar de louros, recebeu uma coroa de espinhos. No lugar de um palco, Ele foi erguido numa cruz. Seu sangue verteu quando a multidão inflamada gritou: Crucifica-o! Crucifica-o! Mas ali na cruz não era o sangue de um mortal que estava sendo vertido. O apóstolo amado registra em sua carta que o sangue de Jesus Cristo tem poder para nos purificar de todo pecado (1 João 1.7). Marcos também registra esse mistério pelas palavras do próprio Mestre antevendo sua morte: "Isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos" (Marcos 14.24). O escritor da carta aos Hebreus exercita a nossa fé ao dizer: "O sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hebreus 9.14).

Se no cinema quase sempre é previsível a vitória do mocinho após uma violenta e empolgante batalha, a vitória de Jesus, o Filho de Deus, nos deu uma dimensão mais pura e singela (embora não sem dor) de qual confronto estávamos envolvidos. Ele não puxou a espada nem convocou seu exército. Paulo, escreve que o "nosso Senhor Jesus Cristo, se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso" (Gálatas 1:3,4). Isso mesmo! Aquele que tem todo o poder e o mundo nas suas mãos se entregou voluntariamente para nos libertar da morte. Ele mesmo afirmou isso em resposta ao interrogatório do medroso Pilatos: "Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada" (João 19.11).

Jesus morreu verdadeiramente. Foi sepultado verdadeiramente. Mas ressuscitou verdadeiramente três dias depois para selar o seu propósito de justificar através do seu sangue muitos pecadores. Seu poder é imensurável e capaz de salvar não somente os necessitados dos seus dias, mas os de todos os séculos. Sua força é como um rochedo, capaz de sustentar nEle eternamente todos aqueles que creem. Seu sangue não é como o de um mortal, mas é plenamente suficiente para nos reconciliar com Deus.

O EVANGELHO DE MATEUS


O cenário político e religioso que antecedeu a chegada do Messias era extremamente confuso. A chegada do Reino naquela época tinha um valor histórico crucial para Israel, pois significava a chegada de um líder, um messias que pudesse libertar os judeus da escravidão. Mas, não era só o governo de Roma que subjugava o povo, sem saber, o mundo antigo também era escravo do poder do mal e necessitava de um Libertador.

1) O propósito do Evangelho de Mateus


Mateus, também chamado Levi, era um publicano, um funcionário a serviço de Roma, que cobrava impostos dos judeus para o governo opressor. Era comum entre os publicanos, colocarem tributos acima do que era devido e subornos em troca de favores. Por tudo isso, esses homens não eram bem vistos na sociedade. Contudo, ao receber o chamado de Cristo, Mateus tem seu coração e atitudes transformados. Ele levanta, deixa tudo e segue a Jesus (Mt 9. 9-13).

Mateus, um judeu desprezado pela sociedade, recebe a missão de anunciar a chegada do Reino aos seus irmãos judeus, e relatar sobre Jesus, um judeu, que tinha esse direito ao trono. Mateus exerce sua função com total dedicação. Ele é o evangelista que faz mais citações do Antigo Testamento, para mostrar que Cristo cumpria todos os requisitos que as Escrituras apontavam. Para o evangelista não há dúvidas: Jesus é o Messias anunciado pelos profetas. Ele é o verdadeiro Rei dos Judeus!

Genealogia (1.1-17); “Eis que a virgem conceberá” (1.22-23); “E tu Belém” (2.4-6); “Do Egito chamei o meu Filho” (2.13-15); “Ouviu-se um clamor em Ramá” (2.17-18); “Ele será chamado nazareno” (2.23); “Voz do que clama no deserto” (3.1-12).

2) A mensagem do Reino


A mensagem de Jesus é apresentada por Mateus como o Evangelho do Reino, e ele chama este reino de Reino dos Céus. Essa é uma expressão particular do evangelista que aparece em 32 ocasiões, não sendo encontrada em qualquer outra parte do Novo Testamento (4.23; 5.19; 7.21; 9.35; 10.7; 24.14).

Mateus também dá grande ênfase as pregações de Jesus. Ele menciona cinco momentos em que Cristo se reúne com as multidões e com os seus discípulos mais próximos e lhes apresenta orientações e o perfil necessário para aqueles que são seus súditos. Pertencer a este Reino não é promessa de vida fácil, existem tarefas a ser realizadas, desafios que precisam ser enfrentados, disposição e coragem por parte dos súditos, mas também há uma recompensa final.

Entre um sermão e outro, Mateus narra que os fariseus, escribas e alguns do povo passaram a se opor contra o ministério de Jesus e tramar como capturá-lo e prendê-lo. Em contrapartida, Jesus, conhecendo os corações deles, os repreendia duramente (12.14; 21.45,46; 23.25-29).

A parte final do livro, conta a chegada do Messias em Jerusalém. Jesus é aclamado pelas multidões que pareciam ver nEle aquele que se assentaria no trono e libertaria os judeus da opressão de Roma. Mas o Reino que Jesus veio inaugurar era diferente daquele que eles imaginavam. Em seu sermão, Jesus anuncia a destruição do templo, uma profecia que aconteceu no ano 70 d.C. Jesus anuncia também os sinais da sua volta como aquele que julgará todas as pessoas pelos seus atos, e nesse tempo haverá grande sofrimento, guerras e doenças (24. 1-51).

3) Uma mensagem vitoriosa


Mateus dedica os últimos capítulos para narrar o processo de crucificação de Jesus e sua ressurreição. O Messias é aquele que, mesmo diante da sua morte, ainda tinha todo o controle da situação. Ele prediz a sua morte; anuncia quem seria o traidor; entrega-se voluntariamente aos guardas; anunciou que, se quisesse, poderia pedir ao Pai e ele lhe enviaria uma multidão de anjos; afirmou que assentaria a direita de Deus e surpreendeu os que o ouviam (26.2; 26.23; 26.55-57; 26.53; 26.64; 27.13,14).

O evangelista também narra os eventos sobrenaturais que ocorreram: o véu do templo se rasgou, houve terremoto e as pedras se fenderam (27.51); mortos ressuscitaram e entraram nas cidades (27.52-53); e os guardas que guardavam o corpo de Jesus, ao ver tudo isso, confirmaram: “Verdadeiramente este era o Filho de Deus” (27.54).

A mensagem de Mateus termina com o relato da ressurreição do Rei Jesus e com uma ordenança deixada por Ele para os seus seguidores: “É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (28.18-20).

Conclusão:

1) Ninguém fica indiferente a Jesus – ou você é um súdito ou um inimigo do Rei;

2) Jesus é aquele anunciado aos judeus, mas, agora, todos os que creem, de todas as nações, se tornam súditos do Reino inaugurado pelo nosso Senhor;


3) Existem, entretanto, características que devem evidenciar a vida dos verdadeiros súditos;


4) Jesus não veio apenas como um profeta ou religioso, mas para ser o Rei do Universo, colocar o mundo aos seus pés e ser Senhor de tudo e de

todos;

5) Há uma convocação para que aqueles que já creram no Senhor possam anunciá-lo como Rei e Senhor, e fazer novos discípulos para seguirem a Jesus.


Reflexão:

1) O que isso representa para você? Como a mensagem do Evangelho do Reino tem impactado a sua vida?

(Estudo "Introdução ao Evangelho de Mateus", parte da série "O Evangelho Para a Vida Real", ministrado na Escola Bíblica da Igreja Cristã Presbiteriana Missionária de Ribeirão Pires/SP em março de 2018)

De onde virá o socorro? (Sl 121:1-2)


Vivemos dias difíceis em nosso país. A corrupção na política, trazida às claras já há alguns anos, ganhou proporções enormes e parece não ter mais fim. Mentiras, desvios do dinheiro público, falta de orçamento para os serviços essenciais, como saúde, educação e segurança. A incerteza e o desespero batem as portas dos mais pobres. Mesmo aqueles que não se interessam pela política, são também afetados por toda essa crise.

Para muitos cristãos, a posição da igreja deve ser a de se excluir de todo esse problema acreditando não ser o papel da igreja se envolver nessas questões. Para outros, a igreja deveria dar o tom, elegendo uma bancada evangélica que favorecesse a nossa fé (é triste reconhecer que alguns que levam o título de "evangélicos" lá, são tão corruptos quanto os demais). Mas, o que a Palavra de Deus ensina a respeito disso?

Em primeiro lugar, o crente é consciente. Devemos ter uma postura realista do mundo (não adianta ser otimista, nem pessimista). Sabemos pela Palavra de Deus, que haverá nos dias que antecedem a volta do nosso Senhor, uma crescente tribulação, fome, guerras, desvio dos valores morais, aumento da criminalidade, etc.

Nas cartas de João, no livro do Apocalipse, ele escreve aos irmãos que também estavam enfrentando grandes dificuldades com o sistema de governo da época. Domiciano, o governador, exigia ser adorado como deus, em troca da liberdade econômica e social aos moradores. Muitos crentes não podiam comprar alimentos, não podiam trabalhar, a não ser que renunciassem sua fé em Cristo e participassem do “culto” ao governador.

Muitos irmãos foram mortos nos primeiros séculos, queimados nas fogueiras, pendurados nos postes, lançados nas arenas com os leões. Não à toa, o tema chave do livro do Apocalipse é uma promessa divina “sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). Estamos prontos a sofrer e até morrer pela fé em Cristo?

Devemos ter a consciência de que nenhuma ideologia de paz e prosperidade desse mundo é capaz de saciar a real necessidade das pessoas. Somente Cristo pode transformar a realidade os corações e o nosso país. Por esse motivo, o crente não deveria erguer bandeiras em nome de partidos ou candidatos. O cristão não é de esquerda ou de direita, o crente é centrado em Cristo, nosso Senhor. Temos que ser responsáveis na escolha dos nossos representantes, mas saber que a nossa bandeira deve ser sempre Jesus, o Salvador - ELE é a solução que o mundo tem rejeitado.

Em segundo lugar, o crente é confiante. Precisamos reconhecer que todas as autoridades são instituídas por Deus. A corrupção e a injustiça não são coisas novas. Em toda a história sempre existiram homens maus no poder, infiéis a Deus, que chamaram de bom o mal e de mal o bem, que oprimiram o justo e o pobre. Nabucodonosor, rei da Babilônia, foi um grande exemplo de como Deus é soberano e poderoso para usar um rei ímpio e uma nação cruel, para punir outras nações que afligiam Israel.

A Palavra de Deus ensina que devemos respeitar as autoridades e orar por elas. Devemos obedecer às leis enquanto essas não impedem a nossa adoração e a nossa fé. O crente não é um desordeiro ou um revolucionário. O crente não é um agitador da ordem, nem um destruidor de patrimônios públicos ou privados. Ele sabe que rebelar-se contra uma autoridade é uma forma de rebelar-se contra a própria vontade de Deus. Ao contrário disso, o crente é um visionário, pois olha para o futuro além de todas essas circunstâncias, tendo a certeza de que o Senhor é poderoso para guardar em paz aqueles que são seus. O crente sabe que todas as coisas (mesmo as más circunstâncias) cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. As más circunstâncias dessa vida são formas que Deus utiliza para punir o ímpio e preparar os crentes até a sua volta.

Em terceiro lugar, o crente é um representante de Cristo. Uma consciência cristã desse mundo e uma confiança firmada em Deus, nos leva a agir como representantes fieis de Jesus. Como fazer isso? Não compactuando com as obras dos ímpios, denunciando o erro e o desvio da moral em nossa comunidade, acompanhando mais de perto as autoridades da nossa cidade, cobrando deles posturas mais dignas e que trabalhem em favor do povo, em especial dos pobres e necessitados.

Como representantes de Cristo, não podemos nos esquecer de também anunciar o Senhor Jesus e o seu Reino e colocar-nos de joelhos em oração, recorrendo ao Deus que é o nosso refúgio e fortaleza em dias de angústia.

Somente Cristo pode transformar a realidade desse mundo, que caminha para o seu desfecho final. Em dias de tanta desilusão, descrédito e desesperança, a esperança ainda permanece firme e inabalável – JESUS CRISTO. É por isso que mesmo diante de tantas dificuldades e incertezas, ainda podemos erguer os olhos confiantemente e descansar como o salmista: “O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra”.

Blogger news

Blogroll

About